9 fatos sobre o espanhol mais famoso da história das fortalezas: Pedro de Cevallos

29/06/2022 07:02

As constantes disputas entre espanhóis e portugueses no sul da América no século XVIII impactaram na formação da região tal qual a conhecemos hoje. Pela Espanha, um personagem foi fundamental na delimitação dessas fronteiras: Dom Pedro Antonio de Cevallos Cortés y Calderón. Militar louvado pela Coroa Espanhola, comandante da invasão à Ilha de Santa Catarina em 1777, Dom Pedro de Cevallos nasceu em 29 de junho de 1715 – há exatos 307 anos – em Cádiz, na Espanha. Veja a seguir 9 fatos sobre o espanhol mais famoso da história das fortalezas:


Comandou a maior esquadra que já cruzou o Atlântico
Dom Pedro de Cevallos comandou a invasão espanhola à Ilha de Santa Catarina no século XVIII. Partiu com mais de uma centena de embarcações de Cádiz, na Espanha, chegando em fevereiro de 1777 à ilha. Muitos historiadores citam a esquadra de Cevallos como a maior que já cruzou o Atlântico[1]. Quando chegaram à capitania portuguesa, os espanhóis tinham então oito embarcações para cada uma do lado Português (veja mais sobre esta história aqui). Diante do poderio espanhol, os portugueses entregaram a Ilha de Santa Catarina a seus inimigos sem oferecer resistência.

Foi chamado a planejar a invasão de Portugal
Em 1775, Dom Pedro de Cevallos elaborou um plano de guerra para que a Espanha invadisse Portugal[2]. Outros militares espanhóis também trabalharam com esse objetivo ao longo de anos. A ofensiva veio efetivamente em 1801, com a invasão espanhola ao território português no evento que ficou conhecido como Guerra das Laranjas. Embora os planos executados não tenham sido aqueles de Dom Pedro de Cevallos, isso evidencia a importância que a coroa lhe atribuía como estrategista.

 


Era tanto o prestígio de que gozava e tanta a autoridade das suas palavras, que o próprio monarca parecia querer iludir, vislumbrando uma possível anexação do reino lusitano à sua coroa […] Que a Carlos III seduziu o pensamento de D. Pedro [de Cevallos], demonstra o facto de que a 20 de novembro o Conde de Ricla se dirigiu a Silvestre Abarca, Martín Alvarez, Conde de O’Reilly e a Cevallos pedindo-lhes de parte de Sua Majestade um plano de conquista do reino de Portugal.

Enrique Mariano Barba,
historiador argentino em
seu livro Don Pedro de Cevallos [3]


Foi o primeiro vice-rei do Rio da Prata
O Vice-Reino do Rio da Prata foi criado pela Coroa Espanhola em 1776. Cevallos foi nomeado como o primeiro vice-rei naquele mesmo ano. No cargo, abriu portos para o comércio, criou a aduana, estimulou as indústrias rurais e combateu a corrupção[4] em um território que hoje tomaria a Argentina, o Paraguai e o Uruguai e envolveria partes do Brasil e da Bolívia.


Foi governador de Buenos Aires
Assumiu o cargo em 1755, quando tinha a patente de tenente-general. Ficou como governador até 1766, quando voltou à Espanha.

Conquistou a Colônia de Sacramento para os espanhóis
Ponto importante nas disputas no sul da América, a Colônia de Sacramento era uma cidade construída pelos portugueses em 1680 bem em frente a Buenos Aires, do outro lado do Rio da Prata. Dom Pedro de Cevallos comandou a investida espanhola que tomou a Colônia de Sacramento e outros pontos estratégicos controlados pelos portugueses em 1763[5]. Por meio de tratados, a Colônia do Sacramento passou de volta aos portugueses e, por fim, foi entregue definitivamente ao controle espanhol em 1777.

 


É citado como “el último resplandor de la gloria de España en América”
O orgulho dos feitos de Dom Pedro de Cevallos faz com que alguns estudiosos o tratem como “el último resplandor de la gloria de España en América”, tal como em [4].

 

Pintura retratando a Vila de Nossa Senhora do Desterro[7]

Exerceu impacto religioso na Ilha de Santa Catarina
Algumas biografias informam que Dom Pedro de Cevallos era um homem profundamente religioso[5]. Quando tomou a Ilha de Santa Catarina dos portugueses, em 1777, deixou em cada freguesia um sacerdote espanhol que trouxera na expedição[6]. Uma das primeiras providências após a tomada da Vila de Nossa Senhora do Desterro foi mandar rezar uma missa em latim[6]. Os casamentos eram feitos somente sob a autorização de Dom Pedro de Cevallos. Ele mesmo, porém, nunca se casou.

 

Morreu sem receber a última homenagem
Dom Pedro de Cevallos não teve filhos. Tinha 63 anos quando morreu, em 1778, no Convento dos Capuchinhos, próximo à Córdoba, na Espanha. Estava indo ao encontro do soberano espanhol, que lhe outorgaria o título de Marquês da Colônia, porém estava doente e deteve-se no convento até morrer. Sem herdeiros, a coroa espanhola entregou a homenagem a uma de suas irmãs[4].

 

 

Virou paper toy para montar
Assim como o Brigadeiro José da Silva Paes, militar português responsável pela construção das fortalezas da Ilha de Santa Catarina, Dom Pedro de Cevallos também virou paper toy para montar. Veja mais detalhes aqui.

 

 

Veja também
12 fatos para conhecer o Brigadeiro Silva Paes, criador das fortalezas, e suas contribuições

 

Fontes

[1] Essa designação está nos livros Santa Catarina 500: terra do Brasil, do professor Dalmo Vieira Filho, da Editora A Notícia; e Os espanhóis conquistam a Ilha de Santa Catarina: 1777, da professora Maria Bernardete Ramos Flores, da Editora da UFSC.

[2] Informação do artigo Prelúdio das Invasões Francesas. O Planeamento da Invasão Espanhola de 1801, de António Ventura, de 2015. Disponível aqui.

[3] Esse trecho está na página 233 da 2ª edição do livro Don Pedro de Cevallos, de Enrique Mariano Barba, de 1978.

[4] De acordo com o artigo Cevallos, la Colonia del Sacramento y la primera invasión inglesa al Río de la Plata, de Oscar C. Albino. Disponível aqui.

[5] Conforme o verbete que trata de Dom Pedro de Cevallos no fortalezas.org.

[6] Segundo o livro Os espanhóis conquistam a Ilha de Santa Catarina: 1777, da professora Maria Bernardete Ramos Flores, da Editora da UFSC.

[7] Pintura que consta do relato de Adam Johann von Krusenstern, de 1803, retirado do livro Ilha de Santa Catarina, relato de viajantes estrangeiros nos Séculos XVIII e XIX, organizado por Martim Adonso Palma de Haro, da Editora da UFSC e da Editora Lunardelli, de 1990.

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