Há 134 anos, Anhatomirim entrava na era das comunicações rápidas a distância
Há 134 anos, em 17 de fevereiro de 1888, a Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim entrava em uma nova era de comunicação. Foi nessa data que houve a primeira transmissão de uma mensagem da estação telegráfica da Ilha de Anhatomirim até Desterro, a capital de Santa Catarina à época. Anos depois, já no século XX, o equipamento foi substituído por um radiotelégrafo, que podia se comunicar também com embarcações e não somente com estações em terra.
De acordo com a edição de 17 de fevereiro de 1888 do jornal Conservador, a inauguração da estação telegráfica em Anhatomirim envolveu o envio de uma série de mensagens – ou “telegrammas”, na grafia da época – a autoridades. Uma delas foi destinada ao Presidente da Província de Santa Catarina, Francisco José da Rocha, pelo então encarregado do Distrito Telegráfico, Francisco Berendt.
A mensagem dizia (a grafia é da época):
Cumprimentando a V. Ex. tenho a honra de comunicar que se acha inaugurada
a estação telegraphica na fortaleza de Santa Cruz. Felicito à V. Ex. por este melhoramento.
Francisco Berendt, Encarregado do Districto.
Naquela época, século XIX, essa era a forma de comunicação a distância mais rápida disponível. Em Santa Catarina, a chegada desses aparelhos aconteceu por determinação do Ministério da Guerra, depois do envolvimento do país na Guerra do Paraguai (1864 – 1870). Tratava-se, pois, de uma necessidade estratégica para manter uma comunicação rápida e efetiva entre as províncias e a corte.
Assim, sob ordens de ser executada no menor intervalo de tempo possível, a Repartição Geral dos Telégrafos recebeu a responsabilidade de realizar tal feito. Então, no dia 9 de janeiro de 1866, foi inaugurada a primeira estação em Desterro, atual Florianópolis.
Mas, afinal, o que é e como funciona um telégrafo?
O telégrafo foi inventado pelo pintor Samuel Morse, em 1835, e revolucionou a comunicação a distância na época. É um aparelho que transmite mensagens codificadas através de fios elétricos.
A linguagem utilizada na codificação das mensagens foi desenvolvida também pelo criador do telégrafo e, por isso, ficou conhecida como Código Morse. É um sistema binário de representação: cada letra do alfabeto e cada número é traduzido por sons curtos e longos.
De um lado, o transmissor “soletrava” cada letra da mensagem através do equipamento. O receptor ouvia uma série de bips, prestando atenção na duração de cada um deles. Assim, por exemplo, um bip curto seguido de um bip longo significa a letra “A”. Letra por letra, a mensagem ia passando do transmissor para o receptor.
Posteriormente, com o avanço tecnológico e o surgimento de outros equipamentos, o telégrafo foi substituído. Assim, no início do século XX, em 1914, foi construída a Estação Radiotelegráfica na Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim – edifício preservado ainda hoje que, na época, abrigava os serviços de radiotelegrafia e também era o local de moradia do telegrafista.
Relatório do Ministério da Marinha apresentado à Presidência da República em 1915, no trecho sobre a Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim, informava que…
A Estação Radiotelegráfica de Anhatomirim, juntamente com a Usina de Eletricidade, foi parte de um projeto de modernização da fortaleza, realizado no período da Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918), quando o local ainda poderia ter interesse estratégico/militar.
Uma das vantagens do radiotelégrafo em relação aos equipamentos anteriores é que ele não precisava de cabos para transmitir a mensagem até o receptor. Como utilizava ondas de rádio para enviar o Código Morse, o equipamento em Anhatomirim garantia também a comunicação com embarcações.
Pouco a pouco, as formas de comunicação a distância foram mudando. Os telégrafos não fazem parte mais do cotidiano. Mas, há 134 anos, essa era uma revolução para a Ilha de Anhatomirim.